23 abril, 2012

Sintaxe à vontade


Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas,
E estar entre vírgulas pode ser aposto,
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração,
Sua pressa, e sua verdade, sua fé,
Que a regência da paz sirva a todos nós.
Cegos ou não,
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração.
Separados ou adjuntos, nominais ou não,
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial.
Sejamos também o anúncio da contra-capa,
Pois ser a capa e ser contra a capa
É a beleza da contradição.
É negar a si mesmo.
E negar a si mesmo é muitas vezes
Encontrar-se com Deus.
Com o teu Deus.
Sem horas e sem dores,
Que nesse momento que cada um se encontra aqui e agora,
Um possa se encontrar no outro,
E o outro no um...
Até por que, tem horas que a gente se pergunta:
Por que é que não se junta
Tudo numa coisa só?

Som&Fúria (penúltimo episódio)

Elen: - Sim, eu concordo com você, você tem toda razão tá tudo muito claro. Eu sei que o Henrique é um problema mas ele é o ator certo pra esse papel [...] Dante hoje nós somos uma Companhia, não é isso que você queria? Traz o Henrique de volta, a gente faz a nossa parte e o resto vai funcionar.

Dante: - Eu não sei se eu posso fazer isso!

Elen: - Você faria isso por mim?

Dante: - Por você?!? Por você... A atriz?!

Elen: - É... Por mim a atriz ou por qualquer outra coisa que você possa sentir por mim.

Dante: - Por qualquer outra coisa que eu possa sentir por você, eu faço!


Amar, simples.



Amar é um exercício de observação.

É preciso um olhar aguçado ao seu redor para descobrir em alguém as minúcias que te fascinam. É preciso também atentar meticulosamente quem é o alguém que melhor se molda aquilo que você almeja, com a ciência de que perfeição é exclusividade dos amores da ficção.



Amar é então se desprender dos idealismos para que estes não pesem em você e tampouco sufoque o outro. No cerne, amar é permissão do toque, do sentimento, da invasão, da conexão, da reciprocidade. Amar é então um exercício de libertação que te despe dos seus medos, dos seus tabus e dos seus escudos.



Amar é inesperado como forasteiro misterioso que chega na sua cidadezinha interiorana provocando receios mas também instigando a aproximação. Pois então, amar é ação porque é verbo. É real. E amar não é amor, porque amor é substantivo e pode sobreviver apenas na subjetividade das mentes fantasiosas.



Amar é a objetividade do movimento dos ventos que arejam a casa, tranqüilizam a alma e inquietam o coração. Amar é cotidianidade, sem a chata cobrança da durabilidade do sentimento. Amar é plural e é também, acima de tudo, inesgotável em definições!



Enfim, deixa ser o que for, deixa fluir… Amar é isso tudo.

16 abril, 2012

Foi então que o vento começou a soprar

Compreendi que viver é isto. 
Uma canoa que a vida nos empresta e só vale o quanto temos disposição para remar. Tenho medo que a minha termine num gemido afogado, por ter batido em uma rocha atormentada por lembranças que ela decidiu petrificar. Mas preferi acreditar que o temporal passaria largo e ao invés de se despedaçar eu a encontraria reluzente sobre as águas. 
Às vezes eu fico de pé dentro dela, gosto de olhar a travessia. Gosto de forçar o remo e sentir como é bonita a maneira como ela deixa tudo para trás. Olho para as margens e vejo o sol mergulhar no horizonte. Vejo as flores, os bosques, os prados, os jardins, as florestas e seus bichos correndo para os montes. 
Quero um mundo com o qual eu possa me emocionar. 
Quero ter a soberania de uma borboleta almirante e cessar fogo no entrecortar de minhas asas. Quero uma paisagem pela qual valha a pena lutar. 
Chega de me estraçalhar em guerras para as quais eu nunca tive armas. 
A alma sabe quando o corpo tem que parar