22 outubro, 2012

Deslocada e verborrágica

E confusa com medo vontades receios fome expectativas desejos, assim tudo sem vírgula mesmo.
Queria entender por que gosta de tomar café e passar a noite de sexta-feira lendo e grifando frases de um livro, quando a maioria das pessoas vai dançar e beber e não se lembrar da mesma sexta-feira no dia seguinte. 
Pode-se ter identidade e desviar um pouco o caminho pra sentir a satisfação?
Mas também ter a força pra sustentar quem vai ser daqui pra frente, porque os escudos caem. Você se expõe. Nua com uma platéia te enquadrando, à espera de uma frase para te atirarem tomates ou flores.
Não se pode amolecer. O peso da crítica é como mil corpos te estuprando por trás. 
Não é pra covardes. Sempre vai ter alguém arranhando um “X” vermelho bem grosso e latejante na sua cara. Sempre vai ter alguém discutindo sobre a sua calcinha ou a cor do esmalte que você escolheu ou sobre o caminho que você deveria ter tomado no dia mais difícil da sua vida. 

Você segura ou solta?

E depois disso, mudar de opinião, assim que a noite vira. Assim que você dá enter.
Mesmo que não faça sentido.
Precisa ter sentido? Precisa sentir.
Ter opinião, jeito, atitude é sobre ser forte e não coerente. É saber que um ponto final não significa somente o fim. Não significa um respiro.

Eu não estava querendo tudo apenas para me desenvolver, curtir. Eu queria poder tudo. Se isso fosse feito como meta de desenvolvimento, tudo bem. Mas acho que eu queria isso por necessidade de controle. Eu achava que podia tudo. Não assumia a minha fragilidade.
O que tem me salvado é descobrir o seguinte: posso ir aonde eu quiser, mas tenho a minha fragilidade.

Em geral, ou somos dominadas ou dominamos. Mas podemos tentar a guarda compartilhada. Não tem guarda compartilhada de criança? Então pode ser assim, agora você manda, depois eu mando.
Baixei a guarda.

A vida não é definitiva, eu também não sou.
Não carece entendimento.