08 outubro, 2013

01 julho, 2013

Segundo Sol


"O segundo sol simboliza a outra opinião, uma maneira de pensar que não há verdade absoluta. 
Uma segunda forma de olhar é o mínimo que se pode ter sobre qualquer coisa."
(Nando Reis)

06 junho, 2013

Chegadas e Partidas

"Segue o vento sob minha asas,
Eu não mando mais em nada.
Sei que é alto, mas eu vou pular."

Dizem que Fernando Pessoa escreveu: "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Não sei se foi ele realmente quem disse isso, mas independente do autor, é exatamente isso!

A verdade é que a gente pode adiar o quanto for, mas quando chega a hora de ir, precisamos ir. Quando as coisas acabam, se encerram, prolongar o fim apenas aprofunda uma dor que não precisaria doer tanto.

Ir...
Porque é hora de mudar, de recomeçar, de ter coragem de sair dessa zona de conforto. Enfrentar o medo.

É uma decisão difícil, planejar a mudança é doloroso, mas ao mesmo tempos dá um perspectiva nova das coisas, uma expectativa da novidade que supera o medo.

A menor distância entre dois pontos, nem sempre é uma linha reta.
A menor distância entre a menina que eu já fui e a mulher que essa menina sonhava em se tornar, está sendo uma trilha sinuosa, onde é necessário liberdade, livrar-se das amarras pra continuar a caminhada.

Muito cedo eu aprendi que não se deve agredir a realidade, quando acontece alguma coisa, não se deve perder tempo fantasiando em cima, deve-se partir do fato.

Sem dramas, realidade sem dor. Acabou meu tempo aqui, agora é hora de ir.
Alçar esse voo e encarar o desconhecido, sabendo que aqui é a minha base e meu porto seguro pra onde eu sempre posso voltar.

É preciso ter coragem de romper na hora certa, sofrer tudo que tiver que sofrer e ficar curado.
A vida segue, em paz e bem.



05 junho, 2013

Confiar Desconfiando

Era um sábado pela manhã quando cedi à tentação de ligar a televisão. Todos ainda estavam dormindo. Sem TV a cabo, zapeei pelos canais abertos a procura impossível de algo interessante.

Parei para assistir um pastor “evangélico” fazer a sua exposição “nada” bíblica. Estava com um bonito livro na mão, uma Bíblia, à qual ele atribuía o poder de, se os compradores dessem atenção aos comentários de rodapé, ficarem ricos. Continuou dizendo que se nós, telespectadores, não tínhamos uma vida de devoção à igreja, de forma que não investíssemos nossos recursos nela, igreja (com “i” minúsculo mesmo), estaríamos vulneráveis aos ataques do “gafanhoto migrador” (figura que simboliza a devastação de nosso bens materiais como fruto de maldição) devido a porta que, pela falta das ofertas na igreja, abriríamos ao diabo.

Fiquei pasmo! Como pode alguém em rede nacional, apelar ao medo para conseguir dinheiro, manipular a fé das pessoas para conseguir realizar os seus sonhos megalomaníacos.

Pensei em mim e em outros tantos amigos que tentam a duras penas exercer um ministério sério. Quase me canonizei…

Mas pensei um pouco mais. Nunca pedi dinheiro dessa forma, nem lancei mão do citar maldições como o pastor o fizera, mas já usei o medo para conseguir algo de uma pessoa, já criminalizei o mundo e desviei a minha culpa culpando estruturas espirituais, já fui pedra de tropeço para a fé de mais novos pura e simplesmente para vencer uma discussão religiosa.

Pedi perdão na hora. Primeiro por me achar um santo em relação àquele homem; segundo, por me lembrar que também manipulei a fé de outros para conseguir algo para mim ou meu ministério.

Fé é algo sagrado. O coração das pessoas também.

Manipular a fé de outrem para que gravitem em torno de alguém ou de uma instituição é pecado.

Muitas instituições fazem com que as pessoas vivam em função delas. Geram, assim, indivíduos tímidos em relação à vida, dependentes em relação à fé e confusos em relação a si mesmos.

A Igreja existe para viver em função das pessoas, gerando pessoas autônomas que sabem viver a vida como um todo de um jeito cristão e, cuja fé madura, sabe discernir entre o bem e o mal sem a necessidade de um tutor.

Assim, pastor é um guia espiritual para o rebanho e não um oráculo ao qual devemos obediência irrestrita. E ele não guia sozinho, o faz com a ajuda dos irmãos mais maduros na fé, todos guiados pelo Espírito Santo à luz das Escrituras.

Portanto, gente querida, confiem mas desconfiem. A régua é a Bíblia Sagrada. A chancela é o Espírito Santo que habita nossos corações. Tudo o mais está comprometido pelo pecado, uns mais, outros menos.

(Fabricio Cunha)


30 maio, 2013

Elena - O Filme

"Uma artista sensível mune-se de todas as armas a seu alcance para exorcizar uma dor, uma lacuna que, paradoxalmente, a preenche e constitui."


Difícil explicar exatamente o que esse filme provoca.
Remota as nossa memórias inconsoláveis. Na sala de cinema foi uma comoção geral, cada um lembrando de sua Elena ou apenas se deixando levar por aquele relato tão pessoal que nos aproximava de tal forma, que nos fazia sentir fazer parte da história.

Nietzsche disse que "A arte existe para que a verdade não nos destrua", depois de ver Elena essa frase ganhou um sentido mais amplo pra mim. A história nasce de uma dor inominável, o filme ‘organiza’ essa dor, dá nome, cria forma, como se em uma maneira de incorporar para poder seguir em frente. Se ela não tivesse  transformado essa dor em arte, jamais se desvincularia.

Elena nos soca o estômago num silêncio ensurdecedor e com carinho profundo.
Impossível não pensar nas pessoas importantes da nossa vida durante a projeção. Impossível não pensar em nós mesmos.

No final, Petra pode enfim dizer, com alívio, que a superou. “Enceno a nossa morte para poder viver.” Em anos e em vida. As memórias do que ficou para trás vão passando, como um rio cujas águas caudalosas já não têm mais tempo de parar nas margens e perguntar à procura de alguém. As marcas vão se tornando menos visíveis, até que passam, bem como as dores.

“Você é a minha memória inconsolável, feita de pedra e sombra.

E é dela que tudo nasce, e dança.”



Mas, afinal, quem é Elena?


- É arte!

15 maio, 2013

Impasse

"Fique forte, firme o pé
Tudo dá n'algum lugar
Mesmo se o olho não vê
Tudo ainda vai brotar


Só resta dizer:
E o desenlace desse impasse
Deus conceda que termine em valsa
Só resta dizer..."

17 abril, 2013

Um dia!


"Um dia você vai agradecer as separações. Agradecer um por um dos rompimentos, uma por uma das fossas, uma por uma das portas fechadas em sua cara, uma por uma das infiltrações pelo pulmão.
Um dia você vai se desculpar por sofrer, você se livrará dos ressentimentos e das vinganças.
Um dia você se verá feliz por ter estado triste.
Um dia entenderá que o destino realmente faz sentido, e que a falta de sentido ainda era caminho.
Um dia você perceberá a clara diferença entre orgulho e confiança, entre obsessão e paixão, entre fantasia e sonho.
Quando você finalmente encontrar a mulher de que precisava não conservará ódio por nenhuma ex. Mesmo a mais ingrata, a mais perversa, a mais intrusiva.
Quando você descobrir que não precisou inventar a mulher que você ama, que ela existe com toda telepatia e compreensão que jurava jamais testemunhar, você olhará o passado com empatia e sincero perdão.
Será generosamente imprevisível. Não mascará fofocas, apagará os desaforos, conhecerá a gentileza de dia e o cuidado de noite. Derramará em seu sangue uma overdose de ternura. Seus olhos estarão empilhados de estrelas. Os engradados das árvores estarão sendo abertos pelo jorro da luz.

O amor é libertador, o amor é a redenção fiscal, o amor de verdade expira as sentenças.

A vontade é preparar uma farta cesta de frutas e produtos especiais para as ex-mulheres. Gastar o salário do mês combinando iguarias de fino trato.
É meu modo de mostrar que estou imensamente feliz por falhar antes e me permitir viver o essencial agora.
O ímpeto é organizar um berço de fragrâncias e champanhes, conciliar vinhos da Nova Zelândia com patês franceses. Reunir bandeiras e promessas do oceano. Montar uma manjedoura com palha ao fundo daquilo que há de melhor e mais caro na estante de importados.
Uma barca com especiarias da Índia, pepinos do México, azeitonas da Itália, ovos de codorna do Peru e doce de leite da Argentina.
Uma caixinha sortida e colorida com direito a Panetone, passas e castanhas de caju.
Uma cesta graúda com celofane amarelo que alegrava os Natais da minha infância.
E escrever apenas “Obrigado”.
Sem maiores informações.
O milagre é cristalino. Não é possível guardar rancor."

(Fabrício Carpinejar)



"Não se prenda
A sentimentos antigos
Tudo que se foi vivido
Me preparou pra você
Não se ofenda
Com meus amores de antes
Todos tornaram-se ponte
Pra que eu chegasse a você"

16 abril, 2013

Se você quiser ser o homem da minha vida



Eu devo pedir desculpas por ter rido na tua cara quando você falou aquela palavra: casamento. Você me perdoa? Casamento me assusta mais do que a Samara, daquele filme de terror, sabe? Mas não pense que eu não tenho percebido toda a sua vontade de se tornar o homem da minha vida. Em troca disso, eu vou te dar algumas dicas, ok? Papel e caneta em mãos porque não é sempre que te contarei meus segredos.

Se você quiser ser o homem da minha vida, não me dê flores, chocolates, ursinhos de pelúcias ou etc. Me dê cartões. Escreva coisas estúpidas e bobas que me farão rir como uma criança. Depois disso, compre flores, chocolates e ursinhos. Você pode me dar um helicóptero todo rosa pink, com minhas iniciais na porta. Mas se não tiver um cartãozinho surpresa com teus garranchos, não será a mesma coisa, entende?

Use uma calça velha e uma camisa manchada pela casa. Deixe a barba crescer até irritar meu queixo. Ria dos meus dedos dos pés. Seja elogiado por algumas vacas em rede social. Me jure fidelidade, mas pareça olhar outras mulheres quando estivermos de mãos dadas por aí. Eu preciso estar desconfiada. Preciso que você suma, vez ou outra, sem me avisar. Preciso que você falhe comigo e me peça perdão. Eu sou uma mulher cheia de dúvidas. E quantos mais as dúvidas forem sobre você, mais você reinará em meu pensamento.

Se você quiser ser o homem da minha vida, seja meu pai, de vez em quando. Me dê broncas para tomar remédios e me coloque pra dormir em teu peito. Eu gosto de carinhos no lóbulo da orelha e massagens da nuca. E, por favor, me deixe ser tua mãe também. Vou querer ter o poder de te fazer vestir um casaco em dia frio e de te fazer curativos quando você se ralar todo no futebol de quinta. Por falar em futebol, nunca me leve para ver você jogar com teus amigos. Me deixe em casa, me questionando se você realmente está ou não com um monte homens correndo atrás de uma bola. Não me ligue perguntando se pode dormir comigo. Me envie um SMS às 2h da manhã dizendo que está na minha porta.

Não abaixe a tampa da privada. Não tire as tuas cuecas do chão do quarto. Não me deixe ver novelas sem dizer que está passando o seu programa de esportes favorito em outro canal da TV fechada. Mas me faça surpresas românticas, também. Faça sexo comigo. Me chame de algum nome chulo, mas deixe escapar um “te amo” em algum momento da transa. Fale palavrões perto da minha mãe. Apareça sem camisa quando minhas amigas estiverem em casa. Fique bêbado com teus amigos na sala, enquanto em me tranco no quarto tentando encontrar um silêncio decente que me deixe estudar. Esqueça nosso aniversário de namoro. Adoro ver tua cara de surpresa ao receber um presente sem ter o que dar em troca.

Não me deixe fumar mais do que três cigarros. Mas não me perturbe para não beber tanta tequila. Me faça cócegas. Receba uma ligação de alguma ex-namorada no meio de uma discussão de relacionamento nossa. Me deixe cortar as tuas unhas e reclame de dor quando eu for espremer tuas espinhas. Me chame de “minha mulher” na frente dos meus amigos só para demonstrar o teu lado possessivo.

Se você quiser ser o homem da minha vida, insista. Saiba que quando eu disser “Ok, você quem sabe”, quero dizer: “Não”. Quando eu disser “Talvez”, quero dizer “Não”. E quando eu disser: “Não estou com ciúmes”, eu estou dizendo: “Claro, porra!”. Mas insista. Me roube beijos no auge das minhas crises e me coloque para dormir quando eu não tiver mais o que falar. E não se esqueça de sempre me dar novos motivos para querer dormir com você mais e mais noites.

(Hugo Rodrigues)

12 abril, 2013

Obrigada, Jesus!

Todo meu amor a ele que abriu a porta e a ela que acendeu a luz.

E aos meus mestres, os meus mestres são os meus amigos. As pessoas que escolho ou me escolhem como amigos, são pessoas que admiro. Cada um com sua sua escrotice e, mesmo assim, essas pessoas não deixam de ser mestres em alguma coisa.

08 abril, 2013

Minha verborragia.

É claro que dói. Mas penso assim: dói muito mais ficar entalado na garganta e atordoando o coração. É por isso que eu falo, coloco pra fora. Se não der certo pelo menos não vou me arrepender e nem me engasgar com os pedaços do que restou.

Não acho que tudo deva ser dito. Mas acredito que certas coisas não podem passar em branco, elas precisam de um espaço no mundo e esse espaço só surge através da fala, da escrita, do ato de colocar pra fora. Tem coisas que não podem ficar guardadas, elas nasceram para deixar o mundo mais humano.

Um sentimento guardado vai criando uma bola dentro do corpo. E ela vai aumentando com o tempo. Se torna dura, estranha, sombria. Essas coisas estragam a gente. O corpo e a alma. Tira o brilho dos olhos, dá um tom triste, acaba com tudo.

Existem jeitos e jeitos de dizer as coisas. Não dá pra abrir a boca e despejar palavras. Elas precisam se alinhar, uma tem que segurar a mão da outra, fazer um carinho, prestar atenção, conversar. Elas precisam dançar e sair da boca com leveza. Dizer tudo que pensa de uma forma agressiva não é motivo de orgulho. Sinceridade não é grosseria, muito menos falta de educação. Sinceridade é ser fiel ao que você sente e passar isso para o outro da melhor e mais bonita forma possível. Caso a emoção seja violenta, sinceridade é ser fiel ao que você sente e passar isso para o outro sem a intenção de magoar ou ferir.

Sou a favor do jogo limpo. Se uma coisa te feriu e te machucou, diz. Se uma coisa ficou entalada na garganta, cospe. Se uma coisa tá incomodando, tá te apertando, tira. A vida fica mais simples assim.

02 abril, 2013

Elephant Gun


Elephant gun, arma de calibre largo. 
Nome dado porque originalmente eram feitas para uso de caçadores de elefantes ou outras caças perigosas. 

01 abril, 2013

Não era amor, Lopes.


"Se era amor? Não era. Era outra coisa. Restou uma dor profunda, mas poética. Estou cega, ou quase isso: tenho uma visão embaraçada do que aconteceu. É algo que estimula minha autocomiseração. Uma inexistência que machucava, mas ninguém morreu. É um velório sem defunto. Eu era daquele homem, ele era meu, e não era amor, então era o que?

Dizem que as pessoas se apaixonam pela sensação de estar amando, e não pelo amado. É uma possibilidade. Eu estava feliz, eu estava no compasso dos dias e dos fatos. Eu estava plena e estava convicta. Estava tranquila e estava sem planos. Estava bem sintonizada. E de uma dia para o outro estava sozinha, estava antiga, escrava, pequena. Parece o final de um amor, mas não era amor. Era algo recém-nascido em mim, ainda não batizado. E quando acabou, foi como se todas as janelas tivessem se fechado às três da tarde num dia de sol. Foi como se a praia ficasse vazia. Foi como um programa de televisão que sai do ar e ninguém desliga o aparelho, fica ali o barulho a madrugada inteira, o chiado, a falta de imagem, uma luz incômoda no escuro. Foi como estar isolada num país asiático, onde ninguém fala sua língua, onde ninguém o enxerga. Nunca me senti tão desamparada no meu desconhecimento. Quem pode explicar o que me acontece dentro? Eu tenho que responder às minhas próprias perguntas. Eu tenho que ser serena para me aplacar minha própria demência. E tenho que ser discreta para me receber em confiança. E tenho ser lógica para entender minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto.

Se não era amor, Lopes, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não sabe se vai ser antes ou depois de se chocar com o solo. Eu bati a 200Km/h e estou voltando a pé pra casa, avariada.
Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez seja este o ponto. Talvez eu não seja adulta suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, Lopes, de acreditar em contos de fadas, de achar que a gente manda no que sente e que bastaria apertar o botão e as luzes apagariam e eu retornaria minha vida satisfatória, sem sequelas, sem registro de ocorrência?
Eu nunca amei aquele cara, Lopes. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, era sacanagem. Não era amor, eram dois travessos. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor."

- E hoje, é dia da mentira.

29 março, 2013

O Curioso Caso de Benjamin Button


"Podemos ficar zangados com as situações, podemos reclamar ou amaldiçoar o destino. 
Mas quando chega o fim, temos que aceitar!"

12 março, 2013

10 março, 2013


Daquilo que é óbvio, daquilo que nos faz um tanto bem maior, daquilo que nos faz amadurecer diariamente:
A capacidade que a gente tem de olhar no olho, de agradecer, de poder dialogar, criticar com sensibilidade, com coragem.
Que a gente saiba valorizar cada momento nosso, porque todo mundo aqui já está automaticamente em extinção;
Só existe um de cada um de nós.
Que a gente saiba cuidar muito disso.

(Fernando Anitelli)

Olha pra mim

Por tantas vezes é só isso que a gente precisa.


09 março, 2013

Encontros









Alguns encontros te definem, seja pela natureza do afeto, pelo tempo que se dedica ou pela maneira como te transforma.

08 março, 2013

Nossos dias, mulheres. 08/03


Sempre que chega o Dia Internacional da Mulher, procuro fugir do discurso de vitimização que a data invoca. Não que estejamos com a vida ganha, mas creio que as mulheres já mostraram a que vieram e as dificuldades pelas quais passamos não são privilégio nosso: injustiça e violência são para todos. Temos, ainda, o grande desafio de conciliar as atividades domésticas com a realização profissional, e precisamos, naturalmente, da parceria do Estado e da parceria dos parceiros: ser feliz é um trabalho de equipe. Mas não vou utilizar o 8 de Março para colocar mais água no chororô habitual. Prefiro aproveitar a data, esse ano, para fazer um brinde à nossa importância não para a sociedade e nem para a família, mas umas para as outras.

Assistindo em DVD ao delicado filme Caramelo, produção franco-libanesa do ano passado, tive a sensação boa de confirmar que o tempo passa, os filhos crescem, os corações se partem, mas as amigas ficam. Como todos os filmes que abordam a amizade e a solidão intrínseca de toda mulher, Caramelo nos consola valorizando o que temos de melhor: a nossa paixão, a nossa bravura ("sou mais macho que muito homem") e o bom humor permanente, mesmo diante de tristezas profundas.

No filme, elas são cinco: a amante de um homem casado, a que tem pavor de envelhecer e por conta disso se submete a situações humilhantes, a garota muçulmana com casamento marcado que precisa esconder do noivo que não é mais virgem, a enrustida que se sente atraída por outras mulheres e a senhora que desistiu de investir no amor para cuidar da irmã mais velha, que é mentalmente perturbada. Todas diferentes entre si e todas iguais a nós: mulheres conflituadas, mas que podem contar umas com as outras em qualquer circunstância.

Recentemente recebi por e-mail um texto anônimo, em inglês, que falava justamente sobre isso: precisamos de mulheres a nossa volta. Amigas, filhas, avós, netas, irmãs, cunhadas, tias, primas. Somos mais chatas do que os homens, porém, entre uma chatice e outra, somos extremamente solidárias e companheiras de farras e roubadas. Esquecemos com facilidade as alfinetadas da vida e temos sempre uma boa dica para passar adiante, seja a de um filme imperdível, de uma loja barateira ou de uma receita para esquecer da dieta. Competitivas? Talvez, mas isso não corrompe em nada a nossa predisposição para o afeto, a nossa compreensão dos medos que são comuns a todas, a longevidade dos nossos pactos, o nosso abraço na hora da dor, a nossa delicadeza em momentos difíceis, a nossa humildade para reconhecer quando erramos e a nossa natureza de leoas, capazes de defender não só nossos filhotes, mas os filhotes de todo o bando.

Aprendemos a compartilhar nossas virtudes e pecados e temos uma capacidade infinita para o perdão. Somos meigas e enérgicas ao mesmo tempo, o que perturba e fascina os que nos rodeiam. Brigamos muito, é verdade: temos unhas compridas não por acaso. Em compensação, nascemos com o dom de detectar o sagrado das pequenas coisas, e é por isso que uma amizade iniciada na escola pode completar bodas de ouro e uma empatia inesperada pode estimular confidências nunca feitas. Amamos os homens, mas casadas, mesmo, somos umas com as outras.


06 março, 2013

Hoje os Chorões somos nós ='/

As minhas preferidas: 


Acordei com minha mãe gritando "Morreu?! Meu Deus, não acredito!", dei um pulo da cama e gritei do quarto "Quem? Quem, morreu?" e ela respondeu que tinha sido o Chorão.
Confesso que num primeiro momento minha sensação foi de alivio por não ter sido ninguém mais próximo, mas quando acordei de fato e racionalizei a noticia fiquei bem triste, de verdade. Já não escutava com afinco o Charlie Brown algum tempo, mas marcou bastante minha adolescência e eu curtia bastante e por isso senti, além da morte, a maneira trágica como a vida perdeu mais essa pras drogas.

 

Ele, que achava que não fazia poesia, detestava gente chique e não usava sapatos, 
agora já sabe se são mesmo azuis as paredes da casa de Deus.
Descanse em paz


12 fevereiro, 2013

31 janeiro, 2013

Santa Maria


A Bíblia parece fazer questão de não dar respostas definitivas às tragédias da vida.

A Jó, que perdeu tudo da noite para o dia, Deus preferiu mostrar quão complexo é o Universo a tentar explicá-lo a um mortal. Ao questionamento dos discípulos sobre a culpa do sofrimento daquele cego, Jesus disse: "Nem dele, nem de ninguém". Mesmo sob a cruel acusação de Marta como culpado da morte de Lázaro, o Mestre preferiu falar do futuro, e não do passado: "Ele vai ressuscitar".

Assim como é grande a ousadia do ser humano em entender os sofrimentos e as tragédias da vida, é ainda maior a ousadia de quem procura explicá-las. É de partir o coração ler e ouvir crentes soberbos com palavras insanas em seus lábios como "consequência", "semeadura", "justiça" e tantas outras bobagens da ‘achologia’ cristã.

Pelo que leio em Lucas 13, aconteceu o seguinte...
Certa vez, enquanto Jesus falava sobre pagar o que se deve, vieram comentar que Pilatos havia assassinado alguns rebeldes galileus, dando-se a entender que estes estavam "pagando pelos próprios erros". Parece até que dá pra sentir a forma ríspida como Jesus responde a essa insinuação: "Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão!"

Parece que pouco tempo antes, uma antiga torre ao sul de Jerusalém havia caído, matando 18 pessoas. Jesus então esclarece de vez a questão: "Vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão".

Novamente, Jesus tira o foco do "porque" das tragédias e parece propor: "Esqueçam o porquê. Preocupem-se com seus próprios pecados".

Que o Senhor tenha misericórdia dos religiosos legalistas. De gente que acredita num deus que mata pra lhes dar vitória. Que seus corações, sim, estes queimem de arrependimento nas chamas do Espírito Santo. E que as consolações deste mesmo Espírito sejam sobre as famílias enlutadas de Santa Maria.
Por hora, resta-nos o melhor de todos os conselhos - o conselho de Jesus: "Chorai com os que choram!"

Choremos, então...


"Um mundo que podemos chorar uma dor que não é nossa como se nossa fosse, 
é um mundo que tem sinal da graça de Deus."